domingo, 25 de novembro de 2012



Boicote afunda farsa eleitoral

Manifestações de repúdio a farsa eleitoral em BH
Acabou a farsa eleitoral de 2012 e o grande derrotado não é este ou aquele candidato, mas o próprio processo fajuto de escolha dos gerentes de turno dos municípios brasileiros.
De nada adiantaram os apelos desesperados de tribunais, candidatos e siglas que compõem o Partido Único: um em cada 4 eleitores aptos (não entram nesse cômputo os títulos de eleitor cancelados) não votou no segundo turno das eleições, índice maior que o do primeiro turno e, sem dúvida, histórico e sintomático de que o povo brasileiro, enojado da forma com que se faz política e de seus resultados funestos para a nação, não aceita mais legitimar a "festa da democracia". Consequentemente, não aceita ser responsabilizado pelas ações dos "eleitos".
Não adianta nem a manipulação chamada de "votos válidos". Em São Paulo, abstenções, brancos e nulos foram mais que os votos destinados a José Serra, ou seja, o tucano ficou em terceiro numa eleição que tinha apenas dois candidatos. Na capital paulista, brancos, nulos e abstenções somaram 29,3%, e não foi o maior índice, que foi registrado em Petrópolis, RJ, quase 40%.
Se nas farsas anteriores, após o escrutínio, os figurões do TSE se esmeravam em festejar o "sucesso" e a "transparência" do processo, mesmo com crescentes índices de boicote à farsa eleitoral, dessa vez a presidente de turno do Tribunal se obrigou a fazer declarações sobre as abstenções recordes.
"Houve um aumento e agora cabe tanto aos órgãos da Justiça Eleitoral quanto aos especialistas fazer uma avaliação porque é, sim, preocupante qualquer aumento além do que já vinha sendo registrado. Qualquer abstenção não é boa porque pode levar a questionamentos. É um dado que todos vamos nos debruçar sobre ele para sabermos o porquê, quais as causas e quais medidas podem ser tomadas."
O monopólio da imprensa tratou de "esclarecer" que os questionamentos aventados pela presidente do TSE podem ser pedidos de impugnação das eleições, mas sabemos que o que preocupa mesmo os altos escalões não é esse tipo de medida burocrática, mas que esses questionamentos são à própria legitimidade da farsa eleitoral, coisa que essa gente está disposta a defender custe o que custar. E alguém duvida que as "medidas que podem ser tomadas" serão no campo da repressão, maneira por excelência da ação do velho Estado?
Claro, depois disso seguiram-se especulações sobre os motivos do boicote, sempre ignorando de propósito a ojeriza do povo pelo circo eleitoral.  Se negam a reconhecer que a parcela dos que não votam tem um motivo para assim proceder, sendo, portanto, também uma força política. O trabalho fundamental realizado por vários comitês de boicote eleitoral, fundados em várias regiões do país, foi um elemento chave para isso.
Os representantes e arautos da velha democracia burguesa não perdem por esperar, porque à medida em que o caráter farsante das eleições vai sendo mostrado, não há medida que o velho Estado tome que faça reverter essa tendência para o aumento do boicote. E do boicote puro e simples às formas mais elevadas de luta popular, contra o latifúndio assassino, pela destruição do velho Estado e sua substituição por um novo, do combate ao imperialismo, isso é o que os próximos anos reservam.

*texto extraído do Editorial do jornal a Nova Democracia