O Submundo da farsa
eleitoral
Fausto Arruda – Jornal AND nº 110 – 2ª quinzena
de maio 2013
Faltando praticamente um ano e meio para mais um
capitulo da farsa eleitoral é grande a movimentação para definir a priori
quem ocupará a cadeira de gerente da semicolônia Brasil.
Tal como nos tempos do regime militar que
elaborava uma legislação eleitoral ao sabor da conjuntura para garantir com
folga os candidatos do regime, o gerenciamento petista em conluio com PMDB e
Pecedobê elaborou um projeto eleitoral para dificultar o surgimento de novas
frações dentro do quadro de partido único ao mesmo tempo em que se favorecia
com uma base de sustentação correspondente a 60% do tempo de rádio e TV e o
equivalente em recursos do fundo partidário. Para assegurar o apoio desta
geleia vale tudo, inclusive, criar o maior ministério de todos os tempos para
trocar por apoio eleitoral. Armam-se verdadeiros imbróglios como: Afif,
do PSD, que é vice de Alkmin do PSDB vai para o ministério de Dilma que é do
PT, mas que quer o apoio de Kassab, dono do PSD, que está em cima do muro.
Dilma Rousseff colocou a campanha na rua
transformando inserções na TV e inaugurações de mal acabados estádios para a
copa em comícios eleitorais ao mesmo tempo em que Aécio Neves e Eduardo
Campos circulam pelo Brasil fazendo discursos críticos ao gerenciamento
petista e Marina Silva não encontra gancho para armar a sua Rede.
É dando que se recebe
Como para todos eles o povo é apenas um detalhe,
seus discursos são direcionados àqueles que realmente definem o resultado da
farsa eleitoral, no caso, os banqueiros, as transnacionais , o agronegócio,
em fim, ao imperialismo.
Medidas como as concessões para a construção e
ampliação de aeroportos e estradas, leilões dos poços do pré-sal, renuncia
fiscal para indústria automobilística e para a linha branca, aumento das
taxas de juros, desoneração da folha de pagamento e de itens da cesta básica,
generosos empréstimos do BNDS, são apenas alguns exemplos de como a grande
burguesia, o latifúndio e o imperialismo são aquinhoados pelas benesses
do gerenciamento petista sob as bênçãos de São Francisco cuja oração assegura
que "é dando que se recebe”.
Os autodenominados candidatos de oposição (
talvez ao povo) se esmeram em afirmar em seus discursos de que é possível
fazer mais do mesmo. Arvoram o baixo crescimento da indústria, a inflação e o
fraco PIB, para prometerem que com eles a coisa será diferente.
A preocupação primeira de todos os candidatos foi
de selecionar o seu marqueteiro e, em seguida, amparados por seus padrinhos
já iniciarem o desfiar do rosário de promessas. Enquanto Dilma Rousseff usa
Luiz Inácio como bengala, Aécio Neves se escora em Cardoso, Campos monta no
"cacunda” de Paulo Skaff da CNI , Marina vai de Natura. Para o momento
só demagogia, as melhores promessas, como sempre, fica para o futuro que,
afinal, a deus pertence.
Todos escondem o fato de que a crise econômica
internacional de há muito já se instalou no Brasil e que a virada no balanço
de pagamento é apenas um indicador de como o imperialismo cobra de suas
colônias e semicolônias o aumento da derrama.
Elevadas taxas de juros para remunerar o capital
especulativo e remessas de lucros exorbitantes são outras formas permitidas
pelo gerenciamento PT/FMI de demonstrar sua subserviência aos ditames da
oligarquia financeira internacional.
Para o povo fica o arrocho, a carestia e a repressão
Enquanto isso professores, funcionários públicos
e os trabalhadores de modo geral são submetidos a arrocho salarial tendo que
recorrer a greves para tentar impedir a degeneração de seu poder aquisitivo
diante da inflação que corrói o poder de compra , principalmente dos
assalariados. Preços que com a desoneração de itens da cesta básica não
diminuíram posto que as cadeias de supermercado, em sua maioria na mão de
transnacionais, se apropriaram da diferença a menor que deveria servir ao
povo.
Uma das formas de ganhar a confiança de seus amos
das classes dominantes é dar demonstrações de sabem colocar o povo "em
seu devido lugar”, assim, usam e abusam em reprimir as manifestações
populares por melhores salários , melhores condições de vida e contra a
violência policial.
Quando se trata de repressão, todas as frações do
partido único, no poder, não se diferenciam. A polícia do PT do Rio grande do
Sul reprime os estudantes que protestam contra o aumento abusivo dos
transportes coletivos; A polícia do PSDB de São Paulo reprime os professores
que reivindicam salários dignos; O Polícia do PMDB do Rio de Janeiro reprime
os índios e os moradores dos morros que repudiam a violência policial; A
polícia do PSB do Ceará reprime os professores dentro das instalações da
Assembleia Legislativa; e por aí vai. A criação da Força Nacional e de
um esquadrão especial da polícia federal junto à destinação do exército e da
marinha para a repressão no campo e na cidade são, particularmente, a
expressão maior de que os governos de turno seja a nível federal, estadual e
mesmo municipal, em conjunto, exercem uma feroz ditadura sobre as
massas, principalmente, o povo pobre.
A rebelião se justifica
Mais do que nunca é necessário afirmar e desfraldar
a brado de que "a rebelião se justifica". O Sr. Geraldo Alckmin,
cuja polícia mata desbragadamente a população pobre de São Paulo, declarou
"que se o povo soubesse dez por cento do que fazem com ele, faltariam
guilhotinas para cortar o pescoço dos corruptos." Ora vejam, quando
vemos um legítimo representante da oligarquia e membro da medieval Opus Dei,
servir-se de tal peroração só se pode ver astúcia de um afã demagógico e
eleitoreiro ou clamor incontido por tirania para a qual se dispõe a exercer.
Mas também poderia ser um vaticínio a alertar perigo. Neste caso não se
trataria de alguém de todo néscio e ridículo.
A propósito, as revoltas que se repetem em certo
ritmo nos bairros pobres, no campo, na juventude e mesmo num movimento
operário garroteado por tantos empulhadores, não denotaria isto que,
camponeses, operários, a juventude e o povo pobre enfim, já começara a afiar
espadas?
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